terça-feira, 5 de abril de 2011

À Deusa

A deusa da minha rua
Era dona da cidade inteira
Não costumava se embriagar
Mas quando o fazia
Costumava se aconchegar
Em seu leito de dorso e seios

E essa dona que aqui vivia
Tinha amanhecer tristonho
Mas que a tarde brilhava
Se tornava dourada, mas escurecia
E dormia assim como no começo,
Meia triste, meio seca, meio assim

Seus espelhos sempre turvos
Mostravam reflexos de passado
Mas seus reflexos nunca presentes
Mostravam que nunca seria dona
Nem tomaria sua posse, nem sua pose
Não parecia ser daqui.

E assim se foi a deusa
A deusa da cidade inteira
Foi ser dona de outras estradas
Deusa de outras ruas
Continua dormindo tristonha
Mas inda brilha dourada e nua pra mim

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