sábado, 27 de março de 2010

Letra e Música - Fábio Alexandre Batalha

Todo momento tem sua canção
E cada momento um estrofe
Vários momentos têm uma letra
E quase toda letra tem o seu refrão

Toda lágrima vira nota tocada
Cada drama um acorde sem dó
Toda alegria pode ser descompassada
Mas todo riso tem a sua escala

Cada passo dado pode ser orquestrado
Um pensamento pode ser sustenido
Um gesto pode ser cantado
Cada tropeço tem um tom meio engraçado

Cada palavra toada termina igual à outra
Cada rima entoada será igual à próxima
A frase dita será igual à risada frouxa
E a cantada será leve e solta

Há sempre uma rima para o que se diz
Há sempre uma canção pra cada momento
Há um nota em tudo que fiz
Mas nem toda canção é feliz.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ente - Fábio Alexandre Batalha

não se vê lágrimas sob a chuva
Nem sombras no escuro
Não há peso n’água
Nem oxigênio no suspiro

Um momento não é sentido
Os minutos são esquecidos
Não se sente a presença
Do que invade todos os sentidos

Como se sente?
Ainda se sente?
Há rima ausente?
Qual é a semente?

Não se esquiva do tempo
Quem se desvia do dia seguinte?
Todo mundo nasce rebento
Nem todo mundo tem fome

Quem deita tem sono
Quem sofre o faz acordado
Mas todos se deitam
Aproveitando o regalo

Como se sente?
Ainda se sente?
Há rima ausente?
Qual é a semente?

quarta-feira, 24 de março de 2010

SEGUNDA VINDA (Second Coming) - William Butler Yeats (1920)

Girando e girando no círculo que se alarga
O falcão não pode ouvir o falcoeiro;
As coisas despedaçam-se; o centro não pode segurar
Mera anarquia é solta sobre o mundo,
A maré turva de sangue é solta, e em todos lugares
A cerimônia da inocência é afogada;
Aos melhores falta toda convicção, enquanto os piores
Estão cheios de intensidade apaixonada.
Certamente alguma revelação está próxima;
Certamente a Segunda Vinda está próxima.
A Segunda Vinda! Mal essas palavras são proferidas
Quando uma vasta imagem vinda do Spiritus Mundi
Dificulta minha visão: em algum lugar em areias do deserto
Uma forma com corpo de leão e a cabeça de um homem,
Um olhar vazio e impiedoso como o sol,
Está movendo suas lentas coxas, enquanto sobre toda ela
Oscilam sombras de indignados pássaros do deserto.
A escuridão cai novamente; mas agora eu sei
Que vinte séculos de sono profundo
Irromperam-se em pesadelo por um berço oscilante,
E qual besta bruta, sua hora finalmente chegada,
Arrasta-se em direção a Belém para nascer?

segunda-feira, 8 de março de 2010

Energia Negativa... Ou Rastro de Côrno Gordo.

Nas minhas “profundas” observações a respeito da natureza humana e seus mistérios tenho me deparado com um tipo de fenômeno que atinge a todos os homens esporadicamente em determinados momentos de sua vida adulta. O mistério da baixa carga energética, a qual prefiro chamar de “rastro de côrno gordo”... Uma fase chata que acontece sempre após o termino de um namoro. Quem é homem conhece bem. O sujeito em questão esta namorando, a mulherada se atira a seus pés, despencam de arvores, se tornam as rainhas da ousadia. Ficou solteiro? Desaparecem do mapa. É impressionante. Antigas fãs se tornam verdadeiros blocos de gelo e te tratam com uma indiferença colossal. Quando mais novos, nos angustiamos, descabelamos, despentelhamos... Em suma, nos corroemos em ansiedade e agonizamos em martírios solitários regados a cinco dedos. Até que então os céus se apiedam e enviam um anjo de saias pra nos salvar. E eis que, enfim salvos, fazemos o que nossa natureza masculina e falha manda, enfiamos o pé na jaca de novo e pisamos em um novo rastro de côrno. E haja côrno, afffffffffff.