segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A Rita - Fábio Alexandre Batalha

Quem disse que a Rita era de Cássia
Quem sabe a Rita era de Lourdes
Por que não dizer que a Rita era Gertrudes
Ou a Rita era da esquina, a Rita de Praga
Rita de Amsterdã, quem sabe Teerã
Pode haver uma Rita até em Nova Orleans

Ah, se de musica eu soubesse
Criaria uma rima tão linda
Entre a Rita e as flores do meu jardim

Mas como de nada entendo
E com palavras tropeço,
Faço da Rita em rima
Uma Rita só pra mim

A Perda - Fábio Alexandre Batalha

Não ocupo o tempo a cata do que se foi
Mesmo que me perturbe a ausência do que não sinto
Não procuro a prova dos terceiros que provam
Nem a prosa dos que nada provam
Lorotas
Mesmo que me obrigue à justiça falha
A memória escorre entre dedos sem que tentem agarrá-la
E mesmo assim se vai, sem garra
Pois a perda, se é que é perda
Até a perda me é rara
Pois se perde aquilo que nos pertence
Se não me pertence, não é meu
Se não é meu, não me bate o peito
Se não me bate o peito não me interessa, não há de ter valor.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Drummond Sabia O Que É Bom!

A Língua Lambe - Carlos Drummond de Andrade

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.


OBS: Se algum inocente não se tocou do que se trata, não se preocupe. Um dia vai acabar sabendo.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Paraguaios Maceioenses por Fábio Batalha

Chegamos ao fim dos tempos. Quando nada mais se cria, quando tudo vira xérox, resta apenas esta acertiva calamitosa (será que este termo existe?). A frase que diz que na vida nada há de se criar, mas tudo há de copiar-se era na realidade uma premonição demoníaca, algo digno de Rasputin. Antigamente era fácil distinguir o que era uma “cópia” e o que era “original”. Hoje, em plena era da pirataria, nem mesmo a cópia se mostra confiável, ao menos se formos julgar suas próprias limitações como cópia. Lembram do whisky paraguaio? Ou do vinho francês falsier? Isto é passado! Agora a moda é copiar a cópia. Reinventar a pirataria e rever conceitos. Rever? Copiar conceitos.Não dá pra confiar em mais nada, nem mesmo no “meio confiável”. O DVD pirata esta cedendo espaço ao DVD genérico, é, aquele gravado dentro da sala de cinema com gente passando de um lado pro outro. Até mesmo as grandes falsificações estão cedendo lugar a outras de pequeno porte... Pasmem, o caixa da padaria estava passando a unha numa nota de 1 real pra sacar se era origem. A que ponto chegamos. Não dá pra confiar em nada nem ninguém. A cocaína é “batizada”; a bebida, misturada; o DVD é copiado da cópia; a xérox, mal impressa por tonner de baixa qualidade (provavelmente pirata). Eu estou começando a achar que estou fora de moda por não usar tapa olho ao sair na rua. E não se iludam, pois o problema também atinge aos seres humanos, ou por acaso, você pode atestar com absoluta convicção que aquela loura que você saiu semana passada é realmente uma blondie ou uma louracia (loura de farmácia)? Se pode parabéns. Aproveite e conserve esta genuína matéria humana loura por muito tempo, pois trata-se de um artigo raro, o original de fábrica. No quesito caráter, este, sempre dúbio desde os princípios dos tempos por sua maleabilidade, agora torna-se digno de processos. Se você não tem um detector de mentiras no bolso só lhe restará a opção de arriscar-se. É tudo falso, ou no mínimo questionável. Que o diga nosso amigo Ronaldinho (rs).

PS: Este artigo não é uma critica as "louracias" ou até mesmo a opções sexuais de qualquer tipo, e sim, ao exagero que se comete hoje em dia quando o assunto é cópia.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

As coisas como são, ou a estranha mania de querer o impossível por Fábio Batalha

Dias desses, ao conversar com uma amiga, chegamos a conclusão que as pessoas imaginam suas relações fora do mundo real. A mania que todos tem, principalmente as mulheres, é claro (rs), de romantizar tudo é impressionante. Como se isso não fosse suficiente, ainda atribuem ao romantismo, doses cada vez mais cavalares de irrealidade.

Vejamos alguns casos mais corriqueiros:
Caso 1: O jantar a dois
O idílio
A cena mais comum imaginada pela turma é um jantar, na casa de um dos dois, onde o parceiro, e não a pessoa q esta “delirando”, cozinha para seu amado. Ele, ou ela, esta bem trajado (custo médio de R$200,00), usando um perfume da hora (varia mais ou menos entre R$150,00 reais), cozinhando um prato de preferência exótico (ai já se vão uns R$100,00 reais) e culminando numa noite, pasmem, sem sexo. Afinal, ele não esta com qualquer uma.

A realidade
O sujeito chega com um buquê suspeito, caso ele tenha irmã provavelmente ela mesma montou o troço, formado por flores compradas em uma funerária (é bem mais barato lá do que em floricultura), trajando uma indumentária C&A (nada contra a rede de lojas, mas q é mais barata q misters, isso é inegável). Já o perfume do sujeito não é dos piores, um kaiak que irá abandoná-lo em duas horas de uso (custo em média 60,00 e voce pode usar sem o peso na consciência de que gastou R$200,00), e com certeza vai chegar perguntando – O que tem pra comer amorzinho??? A criatura de Deus do sexo feminino vai cozinhar, é claro (bem mais barato que levar pra um restaurante, mesmo que seja um self-service). Ao fim do dos comensais, a música escolhida pelo casal já vai estar rolando no CD player, provavelmente Zezé de Camargo e Luciano (arghhhhhhh), cujo o CD tem o elevadíssimo custo de R$25,00 reais a unidade (que exploração). Em meio a este clima relaxante e de muito bom gosto, o sofá já vai estar devidamente amaciado e a mão boba correndo solta. O parceiro do sexo masculino, ávido por uma noite tórrida de “amor”, mostra tudo que aprendeu em suas extensas horas de estudo e leitura de revistinha de sacanagem. O resto vai depender da carência da parceira.

Moral da história: A realidade é bem mais barata ou, viver no mundo real não tem preço

Caso 2: Convivência a dois
O idílio
Os românticos plantonistas geralmente imaginam seu dia a dia com a pessoa amada de uma maneira tranqüila, peculiar mesmo. Afinal, quando se sonha, eliminamos os defeitinhos do parceiro nesta intrincada equação. Dormem sob lençóis macios e cheirosos, tomam banho juntos, fazem as refeições juntos e discutem assuntos agradáveis e se aconchegam no fim do dia para seu devido repouso, não sem antes manter suas obrigações matrimoniais diárias, é claro.

A realidade
No mundo real os defeitinhos são inevitáveis. Eles começam discretos, no inicio da relação, quando só mostramos as nossas incríveis virtudes ao parceiro. Ao cabo de 1 ano de relação e alguns meses de convivência começam os peidos embaixo do edredom, os odores horríveis no banheiro, os ruídos incompreensíveis a noite, a tampa da privada sempre levantada, os arrotos após o almoço e, é claro, não podia deixar de citar este, as saídas com os amigos, ou amigas, nos fins de semana.

Pois é meus caros, sonhar é bom porque é de graça.