21.8

Há dias em que acordamos lobos

Famintos, vorazes, cruéis na sanha de saciar a fome

Há dias em que acordamos cordeiros

Mansos, delicados, sensíveis procurando um colo

Há dias em que somos espertos, geniais

E em meio a tanto orgulho pisamos sem olhar quem ou onde

Um dia acordamos tolos

Completamente imbecilizados, a mercê dos lobos e espertos

Há dias até em que gostaríamos de nem ter nascido

Enxergando o quanto fomos lobos, espertos e quase nunca cordeiros

E há dias como hoje

Um dia que pode muito bem ser esquecido,

mas que no fim só queremos mesmo é viver

O Ciclo

O universo conspira contra nós

Do berço até a desventura
Até virarmos  o contrario
E atravessar o avesso
Ai então seremos universo

E eis que desde o começo

Deviramos o avesso outra vez
E nos tornamos começo
E de novo um novo berço
Nos tornamos mundo

É sempre o mesmo ciclo

E outra vez
Aprendendo e errando
Outra vez
Não há mistério profundo
Nem talvez

1 Minuto - Pela morte de Chorão

Basta 1 minuto pra esquecer
A magoa de viver
Sem fazer o que devia

Basta 1 minuto pra escorrer
A lagrima dos seus olhos
E secar seu pranto quente

Basta 1 minuto pra acolher

Entre a vida que se finda
E a outra que  inicia

Basta apenas 1 para dizer

Até logo, Até a vista
Sem ter que dizer adeus

Sem dizer adeus, Deus, Deus

Basta apenas 1 para dizer
Adeus, adeus, Deus

Fim de Caso

Vou engolir tudo que me jogou na cara
Alimentar meu ego antes que fique vazio
Fazer de você mais uma anedota do meu universo umbigo

Tratar cada palavrada dita como promessa vazia
Processar memórias vãs antes que transborde meu eu
Dar adeus ao que sobrou sem pedir nada a Deus

E se, nada pedir, me vou
Errado de quando em vez
E vez em quando me errar... de vez

Vou cuidar do amor sem me importar ou incomodar em amar
Sem amar de mais ou de menos, apenas cuidar de amar e amar
Se é que irei, se sentirei, aquilo que dizem ser o “amar”

E sem amar continuo e sigo
Procurando sem olhar ninguém
Me encerrando vez em quando e de vez

Bom Dia

Que pena amanhecer sem seu sorriso
Ele abriria o céu, mesmo chuvoso
O tornaria limpo

Mesmo que fosse somente meu céu
Se fosse aberto seria pelo sorriso
Tornar-se-ia lindo

Afinal tu és sol iluminando caminhos
Secando a chuva, lançando teu brilho
Aquecendo mansinho

E mesmo quando tímido e escondido
Em tal sol me faria aninhado
Velando teu brilho

Pois bem sei que tu renascerias outro dia
Queimando as arestas
Renovando teu brio.

Herança

Eu gosto de música
Não saberia viver sem ela
Gosto a tal ponto que canto
Canto na sala, canto no quarto,
Em qualquer canto
Canto tanto que as vezes danço
Danço sozinho, comigo ou no canto da mente
Canto e danço sempre

Também gosto de artes
Telas, quadrinhos, gravuras
Gosto tanto que também crio
Crio quadros, páginas, frases
Crio até mesmo estilos
Crio tanto que as vezes fico confuso
Sem saber se o que toco é arte ou espinho
Estou criando sempre

Tudo isso é herança que recebi ao nascer
É o espólio mais rico que poderia querer
É a parte mais linda que poderia me deixar
É tudo que quero de você pra mim

OBRIGADO MÃE

21

21 passos
para o cadafalso
devido aos falsos
em que acreditei

21 dias
de expectativas
sonhando alegrias
que não vislumbrei

21 meses
de desejos tantos
que me eram estranhos
E que enfim recordei

21 tragos
de doce bebida
que entorpece a vida
que desperdicei

21 anos
de vida
de projetos que ainda
terei de rever

21 vezes 8, 69 é conta equivocada
21 pontos no ventre
21 tentativas
21 respostas erradas
21 risos soltos
21 tapas no rosto
21 quedas
21 saltos

21